Til – José de Alencar

quinta-feira, dezembro 30, 2021

 

 

Publicado em 1872, “Til”, de José de Alencar, é um dos clássicos da literatura brasileira. Romance regionalista que dá voz a cultura, ao folclore e ao linguajar do interior do estado de São Paulo, retratando a vida no campo e as tradições rurais da época em que foi lançado. É também uma das obras utilizadas como leitura obrigatória em vários vestibulares pelo país.

 

Indo contra a cronologia do livro, em 1826 a moça mais bonita que havia na região de Santa Bárbara, interior de São Paulo, era a jovem Besita, que por onde passava todos da rua se viravam para vê-la, sendo a mais esperada pelos moços nas festas, objeto de desejo do jovem fazendeiro Luis Galvão e grande amor de seu camarada João, um jovem órfão que foi criado com Luis Galvão.

 

Besita corresponde ao amor de Luis Galvão, mas por ser moça pobre e ele um rico fazendeiro, não aceita se casar com ela. Seguindo o conselho de seu pai, Besita se casa com Ribeiro, que após a noite de núpcias segue viagem para resolver problemas com uma herança de família e fica anos afastado de sua esposa. Durante a ausência de Ribeiro, Luis Galvão invade a casa de Besita em uma noite e abusa da jovem e dessa agressão nasce Berta.

 

Anos mais tarde, quando Ribeiro volta para a fazenda encontra Besita com a filha nos braços e acreditando que a menina é fruto de uma traição, carregado de ódio Ribeiro mata Besita. Sempre um amigo fiel, companheiro e seu protetor, João não consegue chegar a tempo de salvar Besita e promete à mãe desesperada em seu leito de morte proteger a criança de Ribeiro.

 

Entregue por João, Berta passa a viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel, enquanto Zana, a negra que vivia com Besita, acaba enlouquecendo e permanece na casa onde viu o crime acontecer. Com sede de vingança, após a fuga de Ribeiro para Portugal, João passa a ser capanga de um fazendeiro rico da região, cometendo vários assassinatos e se tornando o temível Jão Fera.

 

Depois de quinze anos, Ribeiro volta a Santa Bárbara irreconhecível, assumindo o nome de Barroso tem o objetivo de se vingar de Luis Galvão. Para isso, acaba contratando Jão Fera, que não o reconhece, e paga ao bugre para que mate o fazendeiro. A jovem Berta, a única que tem compaixão e empatia por Jão Fera, descobre a intenção do homem e consegue impedir o assassinato de Luis Galvão.

 

Dono da Fazenda das Palmas, Luis Galvão é casado com D. Ermelinda com quem tem o casal de filhos, Afonso e Linda. Ele tem o mesmo espírito conquistador de seu pai, ela foi educada pela mãe de acordo com os costumes da corte. Indo contra as vontades de sua mãe, os irmãos mantém amizade com Berta e Miguel, jovens de camada social inferior. Afonso nutre uma paixão por Berta, sem saber que ela é sua irmã de sangue, enquanto Linda guarda no seu recato um grande amor por Miguel.

 

Miguel, no entanto, é apaixonado por Berta, sua irmã de criação, que sabendo dos sentimentos de sua amiga, incentiva o jovem a se aproximar de Linda, enaltecendo sua beleza e suas qualidades. Aos poucos Miguel acaba cedendo aos conselhos de Berta e passa a ver Linda através dos olhos da mulher que realmente ama. No meio dessa trama de paixões, há o jovem Brás, sobrinho de Luis Galvão que tem problemas mentais e é ignorado por todos na casa, mas que tem em Berta um refúgio e um amor profundo, que o trata com carinho e com muita paciência ensina o jovem o alfabeto e suas orações.

 

Mesmo perdendo a primeira oportunidade de matar Luis Galvão, Ribeiro cria outro plano para se vingar, desejando pegar a fazenda e a família de Luis para si, e com a ajuda de alguns escravos da Fazenda das Palmas, incendeia o canavial com o intuito de que Luis Galvão morra tentando apagar o incêndio. Mas Jão Fera sabe do plano de Ribeiro e no meio do incêndio mata os cúmplices de Ribeiro e salva Luis Galvão.

 

Após conseguir fugir novamente de Jão Fera, Ribeiro volta à região, acreditando que Jão esteja preso, para se vingar de Berta. Quando a jovem está com Zana na casa da fazenda abandonada de Besita, Ribeiro tenta matar Berta, mas Jão Fera chega no momento exato e consegue finalmente matar Ribeiro e cumprir a promessa de se vingar do homem que matou Besita. Brás acaba levando Berta até a cena do crime e vê a forma violenta que Jão mata Ribeiro, fazendo a jovem ficar horrorizada, passando a desprezar Jão Fera.

 

“Til” é um romance dramático, cheio de paixões avassaladoras, segredos, vinganças e crimes, José de Alencar dá voz aos costumes do interior paulista, narrando como era a vida da região naquela época. Berta, apelidada de Til por Brás, é considerada uma mulher “anjo-demônio”, onde a imagem da menina é ingênua, mas as paixões provocadas por ela são animalescas.

 

Berta é considerada um modelo das virtudes cristãs, quando o autor deixa claro a sua caridade, a solidariedade, a fraternidade, entre outras características. Ela é uma moça simples e bondosa, que não tem nenhuma atitude planejada para ganhar proveito próprio. Sua influência sobre os personagens da obra são reflexo de sua personalidade franca e atenciosa. Dessa forma, Berta surge como elemento de ligação e fraternidade entre todos.

 

José de Alencar fala ainda sobre o abuso sexual sofrido por Besita, sobre a esquizofrenia de Brás, a loucura de Zana e a liberdade de Jão Fera, um homem indígena que não se vê como escravo e que se reconhece como homem livre.

 

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A gente se vê no próximo post, até lá!

 

TIL

AUTOR: JOSÉ DE ALENCAR

EDITORA: PRINCIPIS

PÁGINAS: 240

 

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