Ubirajara – José de Alencar
sexta-feira, dezembro 17, 2021Quem acompanha o canal há algum tempo sabe do
meu gosto pelas obras e pela narrativa de José de Alencar por vários motivos.
“Ubirajara” foi publicado em 1874 e faz parte da trilogia de romances
indianistas do autor, seguindo a ordem: O
guarani, publicado em 1857, Iracema, publicado em 1865, e Ubirajara, sendo este considerado por
Machado de Assis “o grande representante da alma brasileira”.
“Ubirajara” fala sobre um período que pouco
se comenta sobre a historiografia da formação do país, narrado em um Brasil
misterioso e anterior à chegada de Pedro Álvares Cabral. De acordo com a
crítica, essa é uma obra fundamental para entendermos a construção de uma ideia
de nação e de brasilidade.
Jaguarê é um jovem caçador, filho de Camacã,
chefe da valente nação dos araguaias, que chegou à idade de viver pela glória
de um guerreiro, e para isso ele precisa conquista esse título com uma grande
façanha. Deixando a taba em que vive seu povo e Jandira, a virgem formosa que
aguarda para ser sua esposa, Jaguarê segue seu caminho pelas campinas na
esperança de encontrar um inimigo digno de seu valor.
No meio da mata, Jaguarê avista uma mulher
com uma faixa cor de ouro tecida das penas do tucano que o jovem reconheceu ser
uma filha da valente nação tocantins, senhora do grande rio cujas margens ele
pisava. Era Araci, a estrela do dia, filha de Itaquê, pai da grande nação
tocantim, e possuía uma liga vermelha na perna que dizia que nenhum guerreiro
jamais possuíra a bela virgem.
Jaguarê finalmente encontra Pojucã, um
guerreiro tocantim, e consegue o combate que estava procurando, cravando neste
a sua lança que recebeu em seu peito a ponta farpada, e assim Jaguarê se torna
Ubirajara, o senhor da lança. De volta à sua nação, Ubirajara leva o
prisioneiro Pojucã para sua aldeia oferecendo a ele sua antiga pretendente, a
virgem Jandira, para que ele possa ficar livre e procurar Araci.
Já na aldeia tocantim, Ubirajara não se
identifica e aproveita a hospitalidade da tribo, adotando o nome de Jurandir,
aquele que veio da luz, a fim de combater todos os pretendentes de Araci.
Vencendo todas as batalhas, Ubirajara ganha a mão da jovem em casamento, mas
para se casar é preciso falar sua verdadeira identidade, ocasionando uma grande
confusão já que seu prisioneiro, Pojucã, é irmão de Araci.
Ubirajara liberta Pojucã para que ele possa
lutar com seus irmãos tocantins contra a tribo araguaia, mas a tribo dos
tapuias chega antes e começa uma grande guerra entre as tribos. O líder tocantim Itaquê consegue
vencer o líder dos tapuias, mas acaba ficando cego e perde sua liderança. Com
isso ele precisa escolher um novo líder, que deveria conseguir pegar o arco de
Itaquê, dobrá-lo e atirar com ele.
Porém, nenhum índio tocantim consegue, nem
mesmo seu filho Pojucã, que reconhece a força do guerreiro em Ubirajara e o
convida a tentar segurar o arco, fazendo com tanta habilidade que Itaquê fica
emocionado. Assim, Ubirajara dobra os arcos das duas nações, tocantim e araguaia, unindo as duas e
dando origem à nação Ubirajara.
Em “Ubirajara”, José de Alencar mexe com a
imaginação produzindo um sonho com base na nossa história, com florestas
selvagens e o povo que estava aqui antes da colonização, sem deixar o romance
de lado, focando na honra e na conquista de Ubirajara em ter uma esposa. Os
críticos analisam ainda que na obra o mito do
bom selvagem tem suas bases na teoria de Rousseau de que o homem é naturalmente
bom, a sociedade é que o corrompe, tornando o índio integrado à vida natural o
símbolo de autenticidade e pureza.
UBIRAJARA
AUTOR: JOSÉ DE ALENCAR
EDITORA: MARTIN CLARET
PÁGINAS: 126
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