O guarani – José de Alencar
quinta-feira, dezembro 23, 2021Quem já ouviu a famosa música de abertura do
programa de rádio A voz do Brasil e
já pesquisou sobre ela, sabe que ela é uma ópera composta por Antônio Carlos
Gomes com base no livro “O guarani”,
de José de Alencar. Na minha opinião, o famoso trecho ouvido por milhões de
pessoas se encaixa perfeitamente bem em um momento épico da narrativa, então
vamos à história.
Publicado inicialmente em forma de folhetim
em meados de 1857, “O guarani” é um
dos três romances indianistas e um dos mais importantes romances de José de
Alencar que deu grande popularidade ao autor, sendo transformado em livro no
final do mesmo ano.
Em recompensa aos trabalhos prestados, ao
zelo pela república e a dedicação ao rei, o governador Mem de Sá dá uma fazenda no interior do Rio de Janeiro ao
fidalgo português D. Antônio de Mariz, onde ele construiu uma casa larga e
espaçosa na margem direita do rio Paquequer, e mora com sua família: sua esposa
D. Lauriana, os filhos D. Diogo e a jovem Cecília e a sobrinha Isabel, uma
jovem mestiça que na verdade era filha de D. Antônio com uma índia.
Peri é um índio da tribo dos Goitacás que
após um encontro com a família de D. Antônio acaba salvando a menina Cecília de ser atingida por uma pedra,
tornando o português grato ao índio e criando entre eles uma grande amizade com
base na nobreza de D. Antônio, algo anormal entre brancos e índios em meados de
1590. Peri vive na fazenda, morando em uma cabana, a pedido da jovem, e passa a se dedicar inteiramente
à satisfação de todas as vontades de Cecília, a quem chama simplesmente de
Ceci.
Cecília é apaixonada pelo aventureiro Álvaro,
um dos empregados de seu pai, que só tem olhos para a jovem. No entanto, Isabel
também tem um profundo sentimento pelo moço que guarda a sete chaves por saber
dos sentimentos de Cecília.
Após D. Diogo acidentalmente matar uma
índia aimoré, a tribo tenta matar Ceci como vingança, mas Peri interrompe a
ação. A partir disso, a possibilidade de um ataque da tribo à fazenda é cada
vez maior, e além desse perigo, D. Antônio também precisa lidar com a revolta
de alguns de seus aventureiros após o italiano Loredano, um dos empregados que
permanecia na fazenda com o objetivo de se apoderar de uma mina de prata que
fica em baixo da casa, acaba instigando os aventureiros a se voltarem contra D.
Antônio.
O plano de Loredano era incendiar a
casa, matar todos, raptar Cecília e pegar o tesouro para si, mas quando ele e
seus capangas combinam o ataque, Peri ouve toda a conversa. O incêndio
planejado pelo italiano é evitado por Peri e a traição é finalmente descoberta.
D. Antônio ordena que os traidores se entreguem, mas Loredano organiza um
levante. Os empregados fiéis a D. Antônio preparam-se para proteger a casa dos
revoltados e, ao mesmo tempo, acontece o ataque dos aimorés, fazendo a casa
sofrer ameaças externas e internas.
No meio dessas batalhas, Álvaro aceita
o amor de Isabel e passa a corresponder a moça, mas sua preocupação principal é
o confronto com os inimigos. Enquanto isso, Peri cria um plano para derrotar os
aimorés, colocando veneno na água que será consumida pelos aventureiros que
tentam ocupar a casa, bebendo do mesmo veneno e avança sobre os aimorés, lutando
bravamente, para mostrar que merece ser submetido ao ritual do canibalismo, reservado
apenas aos valentes. O plano terrível é que quando comessem sua carne tomada
pelo veneno, morreriam.
Cecília descobre o plano de Peri e
pede para que Álvaro o salve, quando o moço chega no exato momento do
sacrifício, liberta Peri e diz que Cecília precisa dele vivo para salvá-la.
Muitos dos traidores morrem envenenados e Loredano é preso e submetido à morte
na fogueira. Como última tentativa para salvar a filha, D. Antônio faz
Peri fugir com Cecília e assim que o índio cumpre a tarefa, o fidalgo explode a
casa, matando os inimigos que o atacam.
José de Alencar apresenta duas linhas em sua
narrativa: a dimensão épica das aventuras e a dimensão lírica das relações
amorosas, dando destaque à construção da nacionalidade, a partir do mito da
integração entre colonizado e colonizador, na relação entre Peri e Cecília; e o
jogo sentimental entre Peri e Cecília e Álvaro e Isabel. Nessas relações, o
amor mostra a sua força ao superar todas as barreiras que se opõem à sua
realização.
A conclusão que cheguei com o final dessa
narrativa indianista de Alencar é que o autor deixa o final para a nossa
imaginação, que podemos tanto acreditar que o enredo tem o desfecho de acordo
com a última frase de Cecília, com base na sua crença cristã, ou na crença
tribal de Peri. Independente de qual seja o verdadeiro final, ele é poético e deixa
bem claro a pureza e a inocência da menina Cecília, narrado durante toda a
história, que aos poucos vai se tornando mulher.
Comenta aqui em baixo se você já leu essa
história e qual a sua opinião sobre ela.
A gente se vê no próximo post, até lá!
O GUARANI
AUTOR: JOSÉ DE ALENCAR
EDITORA: MARTIN CLARET
PÁGINAS: 379
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