O corcunda de Notre Dame – Victor Hugo
quinta-feira, junho 11, 2020
Eu era uma criança quando ouvi falar a
primeira vez do Corcunda de Notre Dame, após assistir ao famoso filme de
animação da Disney. Apesar de ser um desenho eu era criança e não gostei
daquele rapaz estranho.
Tantos anos depois, em uma aventura pelo sebo
aqui de Birigui, encontrei a obra de Victor Hugo e resolvi acrescentá-lo à
minha lista, afinal de contas é um clássico e, para variar, o filme nem sempre
é justo com a narrativa. Antecipadamente já digo que a história é bem
interessante, mas já confesso que o começo não foi fácil para mim.
Quasímodo é caolho, corcunda, com os joelhos
voltados para dentro e, para piorar, surdo. Após ser abandonado quando ainda
era um bebê, o arcebispo da Catedral o adota e passa a criá-lo como filho
dentro da igreja. Com uma imagem fora dos padrões e que assusta as pessoas da
época, Quasímodo encontra um refúgio por trás das paredes de Notre Dame, tendo
suas esculturas como companhia.
Sineiro da catedral, após tantos anos ouvindo
esse barulho, Quasímodo acaba ficando surdo e a única pessoa com quem consegue
se comunicar é o arcebispo Claude.
Cruzando histórias, Esmeralda é uma jovem de
16 anos, cigana vinda do Egito, que tem na dança sua paixão. Órfã de pai e mãe,
as ruas de Paris é sua casa e os menos afortunados que nelas vivem, sua
família. Alvo de desejo dos homens, Esmeralda é discriminada por ser cigana.
Após se apaixonar pelo capitão da guarda real, que é comprometido, a jovem tem
seu futuro traçado pela acusação de um crime que não cometeu.
Apesar de ser um estudioso há muitos anos,
caridoso e preocupado em alguns momentos com o próximo, o arcebispo de Notre
Dame nutre um desejo obsessivo e secreto por Esmeralda. Suas atitudes
inconsequentes é o que ditará as regras no caminho da jovem cigana.
A obra tem como personagem principal a
Catedral de Notre Dame, que tem todas as suas esculturas e arquitetura narradas
minuciosamente do início ao fim. Os leitores viajam pelas ruas de Paris do
século XV, compreendendo como era a vida na sociedade da época.
Notre Dame é a mãe de todos, é aquela que
abria suas portas para refugiar quem quer que precisasse de abrigo, seja ele
órfão ou criminoso. É o centro de Paris da época, cruzando o destino dos
miseráveis, do clero, dos bandidos, dos guardas, dos nobres e do rei Luís XI.
O
corcunda de Notre Dame é uma obra que faz uma crítica à
sociedade da época, já que narra perfeitamente bem a vida dos que viviam em
volta de sua catedral. A corrupção também é citada na obra, visto que mesmo os
personagens do clero abusam de seu poder e também ditam as regras da comunidade.
A ignorância e o preconceito são gritantes, a
justiça é realizada através de espetáculos públicos de tortura e morte, e o
povo é oprimido pela monarquia e por aqueles que tinham dinheiro.
Preocupado com a situação precária da
catedral na época, Victor Hugo dá uma atenção especial narrando todos os
detalhes, tentando chamar a atenção dos franceses para a riqueza estética e
histórica do local. O que surtiu efeito, já que Notre Dame passou a ser
restaurada alguns anos depois.
O drama de Quasímodo também pode ser
interpretado como uma metáfora para falar da própria igreja, que era
considerada feia e desprezada pelos moradores. Há muitos pontos de vista que
podem ser analisados com esse clássico. Recomendo que você leia e construa a
sua opinião.
O CORCUNDA DE NOTRE DAME
AUTOR: VICTOR HUGO
EDITORA: LEYA
PÁGINAS: 476
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