A décima segunda transformação – Pauline Gedge

quinta-feira, maio 31, 2018




Para ler essa obra de Pauline Gedge, muito do que aprendi com os livros dos Irmãos Kane, de Rick Riordan, ajudaram bastante. Principalmente sobre o conteúdo envolvendo o trajeto que Rá faz pelas 12 casas do Duat – por isso o nome do livro remete ao deus.

Assim como em A filha do amanhecer, Pauline usa fatos bibliográficos para narrar esse romance que conta a tragédia da decadência faraônica, e já adiantando, o final é bem ousado, mas não tão surpreendente para quem compreendeu bem todo o enredo.

A décima segunda transformação começa com o final do reinado do faraó Amenhotep III, e do trabalho que a imperatriz Tiye tem em colocar seu filho com o deus como seu sucessor. Não dá para perceber muito bem qual o problema que o faraó tem contra o seu filho, e é com muito custo que Tiye finalmente consegue a aprovação de Amenhotep para que Akhenaton suba ao trono após sua morte.

Akhenaton recebe a coroa dupla com o Egito no seu auge, um império vasto, fronteiras bem-definidas, um exército temido pelos estados vizinhos e a adoração do seu povo a muitas divindades.

O jovem, no entanto, acredita apenas no poder de Aton, o deus do sol, e seu primeiro objetivo é proibir a adoração a Amon e dar fim ao legado que seu pai, que ele tanto odiava, presava.

Nefertiti, sua esposa real, é uma mulher ambiciosa e mesquinha, capaz de atitudes baixas para garantir o poder. Com o seu incentivo, Akhenaton constrói Akhetaton, uma cidade magnífica no meio do deserto onde, como faraó, é adorado como a encarnação do deus Aton.

Apesar da posição que tem, o jovem faraó é fraco e instável, ingênuo para as questões diplomáticas do Egito e com um apetite sexual voraz, principalmente entre os membros de sua própria família.

Tiye, ainda com o poder de imperatriz, tenta orientar seu filho-marido sobre a adoração ao deus, sobre as alianças com os estados vizinhos que ficam por um triz, graças à sua ignorância, e aos planos absurdos de Nefertiti em obter o poder do Egito na sua imagem e na de sua família com o deus.

Devido às atitudes malucas de Akhenaton para manter o poder nas mãos de quem tem sangue real puro – ele e sua família, incluindo suas filhas-esposas – o povo acredita que as mortes que começa a tomar conta do Egito é uma maldição do deus Aton ao seu filho.

Mas é claro que tentar confrontar a cabeça de um faraó alucinado não é tão fácil e muitas mortes acabam acontecendo para que o poder seja mantido.

Como em todo reinado, a inveja do poder toma conta da cabeça de muitos homens que não concordam com a adoração de um deus único – Aton – e que acreditam que podem trazer os dias de glória de volta ao Egito se a coroa dupla estiver em suas cabeças.

A autora narra com muitos detalhes - desde o vento quente tocando as peles no calor do deserto, os cheiros dos óleos e incensos queimados aos deuses, e o frescor do banho nos lagos particulares durante as noites da realeza – esse romance trágico sobre o ápice e a decadência do Egito.

Para aqueles que não estão acostumados às histórias, antecipo que a leitura é recheada de erotismo e, como é possível perceber acima, para manter o poder “puro”, relações entre membros da mesma família são comuns.

Recomendo a leitura para os fãs de História que querem aprender um pouco mais sobre uma época rica através desse romance cativante que prende o leitor do início à última página. 

A DÉCIMA SEGUNDA TRANSFORMAÇÃO
AUTOR: PAULINE GEDGE
EDITORA: BERTRAND BRASIL
PÁGINAS: 518

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