1789 – Pedro Doria

sexta-feira, maio 11, 2018




Antes de falar sobre o enredo de 1789, confesso que a primeira pessoa que leu em casa foi minha mãe. Mas ela desistiu. Ela sempre reclama das letras pequenas quando não se interessa pelo assunto. Quando questionei novamente porque ela não continuou a leitura a resposta foi: “eu já sei que ele - Tiradentes - morre no final!”.

Verdades à parte, voltamos ao enredo. Acabei comprando o livro por curiosidade, na verdade nunca soube a história sobre Tiradentes, a não ser que ele foi enforcado. Nunca soube exatamente o motivo de sua morte, a não ser “a tal da Inconfidência Mineira” devido aos trabalhos na escola.

Não sou muito fã de literatura brasileira, tenho as minhas preferidas, mas como me interesso por História, resolvi arriscar e não me arrependi. Quanto à parte técnica, algumas vezes a leitura acabou me cansando, já que são narrados fatos históricos ao pé da letra.

Não é uma história envolvente que te prende, como no meu caso, quando leio romances e histórias baseadas em fatos históricos. Até mesmo porque não foi esse o intuito do autor.

Como já foi possível perceber, 1789 narra a história de Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, e não apenas dele, mas também dos contrabandistas, assassinos e poetas que lutaram pela independência do Brasil.

Citando diversos nomes que, particularmente, nunca ouvi falar, Pedro Doria conta, através de pesquisas bibliográficas e usando os relatos dos julgamentos dos “culpados”, todos os fatos que levaram à prisão homens que desejaram um país melhor.

Para leigos no assunto, Tiradentes não levava o apelido em vão. Entretanto, a tudo aquilo que se propunha aprender, fazia muito bem feito. O que acabou engrandecendo o seu currículo.

Rico em detalhes, Doria não enaltece Tiradentes. Na verdade o qualifica como “empolgado, homem de pouca capacidade, maníaco, louco.” No entanto, conseguiu envolver gente de todas as classes, cultivando alianças para aquilo que julgava ser correto.

O alferes era um inconsequente, na visão de Doria, que após inúmeros interrogatórios foi o único réu confesso. O autor não se prende apenas na história de Tiradentes, mas narra também as participações de diversos personagens que ajudaram a dar início à Inconfidência Mineira.

Jornalista, Doria fez um levantamento detalhado da história, colocando ainda um mapa de Vila Rica e a localização da casa de todos os envolvidos. Para entender melhor o que, de fato aconteceu no país, recomendo a leitura.

Claro que todos os personagens que ajudaram a escrever esse episódio sofreram consequência, que também são citadas no contexto. Alguns foram mortos, como o próprio Tiradentes, muitos morreram na prisão, alguns chegaram a ser expulsos do Brasil.

Para encerrar a história, Doria conclui:

“A inconfidência Mineira não foi o único movimento pela independência brasileira nas décadas anteriores a 1822. Talvez sequer tenha sido o mais bem-organizado. Mas possivelmente foi o movimento pela independência que envolveu mais gente em mais estados. Nenhum outro grupo contou com tantas mentes brilhantes, tantas personalidades carismáticas ou terminou de forma tão simbólica, na forca, com um mártir esquartejado. E dificilmente outro ensinou tanto a Portugal sobre os limites do seu poder”.

1789
AUTOR: PEDRO DORIA
EDITORA: NOVA FRONTEIRA
PÁGINAS: 272

You Might Also Like

0 comentários