Publicado em 1865, Iracema, de José de Alencar, é um romance indianista, e faz parte
da trilogia do autor ao qual ainda pertencem O Guarani e Ubirajara.
Mais uma vez o autor usa detalhes, para narrar a história, que marcam as características
brasileiras e da época, usando palavras indígenas, possuindo diversas
interpretações, dependendo do conhecimento e entendimento de cada leitor.
Um belo dia, quando está repousando, Iracema
se assusta com a chegada de um guerreiro estranho. Para se defender, dispara
uma flecha. Ao perceber que o homem não quer lhe fazer mal, decide ajuda-lo,
levando até sua tribo.
Como de costume, o pajé da tribo tabajara,
pai de Iracema, oferece a Martim comida, pouso e lindas mulheres, mas ele
recusa, declarando sua paixão pela bela Iracema.
Martim, na verdade, é um aliado dos inimigos
da tribo de Iracema, os índios potiguaras, aliados dos franceses, mas isso não
impede que o pajé o receba bem.
Ao decidir ir embora, Iracema acompanha
Martim, não querendo abandonar o sue amor. Com os mesmos sentimentos, Martim
decide construir uma cabana próxima a uma tribo amiga para viver com Iracema.
Um dia, Martim precisa ir defender sua tribo,
e parte deixando Iracema grávida. Martim sente falta da sua terra, Iracema de
seu esposo. Após o nascimento de Moacir, Iracema decide procurar Martim, porém
descobre que ele ainda está em guerra. Iracema volta para a cabana, porém sua
tristeza é muito grande.
O romance de Iracema e Martim representa a
união entre o branco colonizador e o índio. É a partir daí que Alencar usa a
ficção para narrar a criação do Ceará.
Iracema possui uma postura submissa a Martim,
representando o ideal de submissão que o índio teria ao branco, o que também
fica claro já que, por amor, a índia abandona sua família, seu povo e sua
religião. Iracema se mantém virgem até a chegada de Martim em sua tribo, o
casamento dos dois só é possível devido a isso, já que para as tradições
religiosas de Martim, seria impossível o relacionamento do casal.
Enquanto Iracema representa a cultura
indígena, Martim é o branco colonizador tão forte e guerreiro como o índio. Na
obra, Martim fica dividido entre as duas culturas, e a saudade que sente de sua
tribo é o que o faz se afastar de Iracema.
Existe na narrativa uma poesia em forma de
prosa, onde Iracema representa a natureza, e Martim, a civilização. O autor,
filho do Ceará, exalta a beleza de sua terra natal, usando metáforas e
comparações que ampliam as imagens do nordeste paradisíaco, das praias e das
serras, dos rios, do exótico. O romance mistura ainda a ficção e a
documentação, fatos marcantes da narrativa de Alencar.
IRACEMA
AUTOR: JOSÉ DE ALENCAR
EDITORA: ÁTICA
PÁGINAS: 91