Você com certeza já ouviu falar na história
de Moby Dick, ou pelo menos conhece esse nome, por isso vou te dizer que “No coração do mar” é a história que
inspirou Melville a falar sobre uma baleia branca. Nathaniel Philbrick reúne os
relatos do capitão George Pollard Jr., do primeiro imediato Owen Chase e do
camareiro Thomas Nickerson, sobreviventes do baleeiro americano Essex, nessa
história intrigante.
Em 1820 a caça às baleias era uma coisa
considerada normal, o óleo retirado de sua carne e de sua cabeça era utilizado
para diversas finalidades na sociedade daquela época, desde lubrificantes para
as máquinas da era industrial, como a iluminação das ruas. Essa caça era
realizada no oceano Pacífico, transformando os marinheiros não apenas em
caçadores, mas também exploradores em uma região inóspita.
Nantucket, uma pequena ilha na costa sul da
Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, foi o centro dessa indústria de óleo
durante mais de um século. Os homens que ali viviam partiam para o mar por três
anos ou mais, deixando para trás mulheres e filhos; davam muitas vezes a vida
por esse trabalho e ao voltar para casa o salário quase nunca era o suficiente.
No entanto essa era a única renda possível, já que a pequena ilha quase não
tinha como manter plantações e rebanhos, dependendo exclusivamente do mar.
E quem diria que uma baleia pudesse atacar um
navio? Ou ainda que ela insistisse nesse ataque quase como uma vingança! A
tripulação do baleeiro Essex saiu de Nantucket em 12 de agosto de 1819, com
destino ao Pacífico, com aproximadamente vinte um marujos e o objetivo de
encher o porão com óleo de cachalote. Porém, em 20 de novembro de 1820, após
uma tentativa falha de pescar duas baleias, uma terceira cachalote enfurecida
acaba investindo contra o Essex, dando duas cabeçadas e afundando rapidamente a
embarcação.
Reunindo tudo o que podiam salvar, incluindo
comida e água potável, em três botes, os marujos navegaram, durante três meses,
milhares de milhas pelo oceano Pacífico em busca de salvação em uma região
completamente remota na esperança de encontrar terra firme ou algum navio que
os salvasse. Porém a escassez de água e comida os submeteu aos horrores da
inanição e da desidratação, desencadeando doença e loucura e os levando aos
extremos da morte e do canibalismo.
O motim mais famoso da história naval com o
navio Bounty, em 1789, é citado no livro já que os marujos conheciam o fato e
sabiam as consequências de ficar tanto tempo à deriva em alto mar. O naufrágio
do baleeiro Essex foi tão comentado no século XIX nos Estados Unidos quanto o
Titanic no século XX. Essa não é só uma narrativa de aventura, mas uma tragédia
com homens simples, muitos ainda eram adolescentes, que nos faz questionar
durante a leitura sobre os limites da capacidade de sobrevivência humana diante
de adversidades insuperáveis.
A caça comercial de baleias foi
proibida desde os anos 1980 pela Comissão Baleeira Internacional, órgão responsável
por regular a caça. Em princípio,
todos os países deveriam respeitar essa regra, porém, como esta não é uma lei
internacional, ela não é reconhecida por todos. Noruega, Islândia e Japão são
países que ainda caçam baleias.
Comenta aqui
em baixo se você já tinha ouvido falar dessa história.
A gente se vê
no próximo post, até lá!
NO CORAÇÃO DO MAR
AUTOR: NATHANIEL PHILBRICK
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
PÁGINAS: 374