O garoto no convés – John Boyne

quinta-feira, junho 03, 2021



Do mesmo autor de “O menino do pijama listrado”, “O garoto no convés” é uma narrativa que mistura romance, aventura marítima, uma pitada de drama e reconstituição histórica.

 

Aos catorze anos, o órfão John Jacob Turnstile perambula pelas ruas de Portsmouth, no sul da Inglaterra, cometendo pequenos furtos. Para voltar para o único exemplo de lar que poderia ter, era preciso estar com os bolsos cheios, seja de carteiras, relógios ou lenços roubados de algumas senhoras e posteriormente vendidos. O Sr. Lewis, única figura próxima a um pai, nada mais era do que um homem que mantinha um lar para meninos órfãos, que furtavam durante o dia nas ruas da cidade, enquanto à noite mantinha no último andar da casa um ambiente para os cavalheiros satisfazerem os seus desejos com aqueles jovens que eram obrigados a se submeterem àquele abuso.

 

Dois dias antes do Natal de 1787, andando pelo mercado da cidade, Turnstile comete um roubo que mudaria completamente a sua vida. Preso e condenado a quase um ano de cárcere, o Sr. Zéla, o homem que ele roubou o relógio, decide ajudar o jovem e lhe oferece um trabalho como criado de um capitão que está prestes a partir em viagem.

 

Para escapar da prisão, Tursntile embarca às pressas no HMS Bounty, um navio da marinha inglesa a serviço do Rei Jorge III, sob o comando do capitão William Bligh, com a missão de chegar até a ilha de Otaheite, hoje conhecida como Taiti, na busca pela fruta-pão, um alimento bom e barato, a fim de levá-las para a Jamaica para que os britânicos pudessem cultivá-las para alimentar os escravos.

 

O plano de Turnstile é fugir na primeira oportunidade, mas a pena para quem deserda em um navio a serviço do rei é a morte e, o que ele não esperava, é que essa viagem seria uma aventura épica, regada a conflitos entre os membros da tripulação, tempestades, portos exóticos e ilhas paradisíacas. Ao chegarem a Otaheite, a tripulação se depara com as nativas que, com seus costumes e a falta de religião, acabam por satisfazer os desejos daqueles homens que passaram meses em alto mar.

 

A volta para casa era esperada pelos marujos, já que o fim da missão era chegar à Jamaica, mas eles não contavam com a rigidez do capitão em acabar com os seus prazeres antes da partida. Já em alto mar, o navio sofre um motim por parte da tripulação sob o comando do oficial Fletcher Christian, que expulsa o capitão Bligh, junto com Turnstile e os tripulantes que continuam a seu favor, e voltam para Otaheite para os braços de suas amantes nativas, tornando esse o motim mais famoso da história naval.

 

Narrada por Turnstile, acompanhamos a saga do capitão Bligh na esperança de levar seus fiéis marujos de volta à Inglaterra, dentro de um barco de cinco metros, passando sede e fome e enfrentando os acasos da natureza, com o intuito de fazer os desertores serem julgados pelos seus crimes. Durante a leitura resolvi pesquisar sobre a tal fruta-pão citada no livro, que eu acredito que muitos também não conheçam, e acabei encontrando informações sobre o HMS Bounty e foi aí que percebi que essa não era apenas uma história de ficção, mas sim uma narrativa baseada em fatos reais.

 

“O garoto no convés” é o relato de um jovem que sofreu abusos sexuais dentro do lugar que deveria ser o seu lar e o seu porto seguro, sobre as descobertas desse adolescente durante sua aventura em alto mar que embarca em uma jornada perigosa, quase perdendo a vida, para fugir de um passado traumático. Confesso que em muitos momentos me revoltei com a história devido à ignorância vinda dos homens dirigidas a Turnstile que abusam do jovem por ele ser apenas o criado do capitão e sempre deixando claro o seu lugar dentro do navio, entre outros abusos psicológicos e físicos, o que acaba fazendo o personagem amadurecer durante a viagem.

 

O GAROTO NO CONVÉS

AUTOR: JOHN BOYNE

EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS

PÁGINAS: 328

 


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