Para ler essa obra de Pauline Gedge, muito do
que aprendi com os livros dos Irmãos Kane, de Rick Riordan, ajudaram bastante.
Principalmente sobre o conteúdo envolvendo o trajeto que Rá faz pelas 12 casas
do Duat – por isso o nome do livro remete ao deus.
Assim como em A filha do amanhecer, Pauline usa fatos bibliográficos para narrar
esse romance que conta a tragédia da decadência faraônica, e já adiantando, o final
é bem ousado, mas não tão surpreendente para quem compreendeu bem todo o
enredo.
A
décima segunda transformação começa com o final do
reinado do faraó Amenhotep III, e do trabalho que a imperatriz Tiye tem em
colocar seu filho com o deus como seu sucessor. Não dá para perceber muito bem
qual o problema que o faraó tem contra o seu filho, e é com muito custo que
Tiye finalmente consegue a aprovação de Amenhotep para que Akhenaton suba ao
trono após sua morte.
Akhenaton recebe a coroa dupla com o Egito no
seu auge, um império vasto, fronteiras bem-definidas, um exército temido pelos
estados vizinhos e a adoração do seu povo a muitas divindades.
O jovem, no entanto, acredita apenas no poder
de Aton, o deus do sol, e seu primeiro objetivo é proibir a adoração a Amon e
dar fim ao legado que seu pai, que ele tanto odiava, presava.
Nefertiti, sua esposa real, é uma mulher
ambiciosa e mesquinha, capaz de atitudes baixas para garantir o poder. Com o
seu incentivo, Akhenaton constrói Akhetaton, uma cidade magnífica no meio do
deserto onde, como faraó, é adorado como a encarnação do deus Aton.
Apesar da posição que tem, o jovem faraó é
fraco e instável, ingênuo para as questões diplomáticas do Egito e com um
apetite sexual voraz, principalmente entre os membros de sua própria família.
Tiye, ainda com o poder de imperatriz, tenta
orientar seu filho-marido sobre a adoração ao deus, sobre as alianças com os
estados vizinhos que ficam por um triz, graças à sua ignorância, e aos planos
absurdos de Nefertiti em obter o poder do Egito na sua imagem e na de sua família
com o deus.
Devido às atitudes malucas de Akhenaton para
manter o poder nas mãos de quem tem sangue real puro – ele e sua família,
incluindo suas filhas-esposas – o povo acredita que as mortes que começa a
tomar conta do Egito é uma maldição do deus Aton ao seu filho.
Mas é claro que tentar confrontar a cabeça de
um faraó alucinado não é tão fácil e muitas mortes acabam acontecendo para que
o poder seja mantido.
Como em todo reinado, a inveja do poder toma
conta da cabeça de muitos homens que não concordam com a adoração de um deus
único – Aton – e que acreditam que podem trazer os dias de glória de volta ao
Egito se a coroa dupla estiver em suas cabeças.
A autora narra com muitos detalhes - desde o
vento quente tocando as peles no calor do deserto, os cheiros dos óleos e
incensos queimados aos deuses, e o frescor do banho nos lagos particulares
durante as noites da realeza – esse romance trágico sobre o ápice e a
decadência do Egito.
Para aqueles que não estão acostumados às
histórias, antecipo que a leitura é recheada de erotismo e, como é possível
perceber acima, para manter o poder “puro”, relações entre membros da mesma
família são comuns.
Recomendo a leitura para os fãs de História que
querem aprender um pouco mais sobre uma época rica através desse romance
cativante que prende o leitor do início à última página.
A DÉCIMA SEGUNDA TRANSFORMAÇÃO
AUTOR: PAULINE GEDGE
EDITORA: BERTRAND BRASIL
PÁGINAS: 518