Considerada uma das obras mais influentes do
século XX, “1984”, de George Orwell, é um clássico moderno publicado em
1949, quando o ano de 1984 pertencia a um futuro distante.
Winston Smith, um possível herói dessa
distopia, é um homem angustiado de trinta e nove anos refém de um mundo onde
reina a opressão absoluta. Ter uma mente livre é considerado um crime
gravíssimo em Oceânia, já que o líder simbólico do Partido, o Grande Irmão, “está
de olho em você”, controlando tudo e todos através de teletelas.
Com o slogan “guerra é paz, liberdade é
escravidão, ignorância é força”, o mundo é bem diferente do que era no início
da década de 1950. O mundo de 1984 está dividido em três potências: Oceânia, Eurásia
e Lestásia, que vivem em guerra na disputa de mais territórios. Ninguém sai e
ninguém entra nessas terras, a não ser os reféns de guerra; logo, nunca se sabe
o que acontece fora “dos muros” de Oceânia.
Dentro de Oceânia, o Ministério da Paz cuida
da guerra constante entre as potências, o Ministério da Verdade se encarrega
das mentiras contadas para os cidadãos, o Ministério do Amor pratica a tortura
nos prisioneiros, enquanto o Ministério da Pujança lida com a escassez de
alimentos, tornando essa uma sociedade bem contraditória onde tudo é feito
coletivamente, mas cada um vive sozinho.
É uma sociedade totalmente dominada pelo
Estado, onde ninguém escapa da vigilância nem da vingança do Grande Irmão, um
poder cínico e cruel ao infinito. O passado passa a ser controlado e apagado
através de modificações feitas diariamente em jornais, livros, fotos e qualquer
outro documento, afinal de contas, se não está na história, então não existe.
No entanto, Winston começa a se questionar
sobre o mundo em que vive, sem saber se seus pensamentos contraditórios são
apenas sonhos ou vestígios de lembranças de um passado apagado de sua memória.
Em busca da verdade e da liberdade, Winston desafia a ditadura de Oceânia, se
entrega a uma paixão libertadora pela colega de trabalho, Júlia, e se envolve
com uma organização revolucionária secreta.
As mentes são controladas, é praticamente
proibido pensar, nem se relacionar romanticamente com alguém, já que o único
objetivo dos casamentos é gerar filhos para trabalharem para o Partido. O
Partido não está interessado no bem dos outros, mas sim no poder em si. Nem em
riqueza, nem luxo, nem vida longa ou felicidade, só o poder pelo poder, poder
puro.
E é nessa ideologia de controlar tudo e todos
que durante a leitura nos questionamos até que ponto o Grande Irmão tem poder.
Será que essa organização revolucionária seria capaz de libertar a sociedade
dessa ditadura? Ou será que o Grande Irmão permanecerá para sempre no poder
através das suas lavagens cerebrais e das torturas cometidas contra os presos?
O final do livro promete uma resposta para esses questionamentos.
Nem tudo que é considerado importante é fácil
ou prazeroso de ler, e foi essa a pressão que senti já que a leitura para mim
foi bem cansativa, principalmente quando Orwell fala sobre a ideologia de
Oceânia, um capítulo longo sem muitas brechas para pausa e respiro.
Apesar desse cansaço que senti eu recomendo a
leitura. É preciso ter uma visão diferente daquilo que estamos acostumados a
ler, da nossa zona de conforto, e mesmo sendo uma distopia e algo bem
improvável de acontecer com o mundo atual, acredito na importância da obra e não
é à toa o peso que ela carrega há anos.
1984
AUTOR: GEORGE ORWELL
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
PÁGINAS: 416